terça-feira, 27 de janeiro de 2009

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....ela deixou se levar, e voltou atrás no tempo, ...


um tempo onde ela era ainda uma menina num corpo de mulher, só que não sabia que a vida estava ainda no começo e tinha tanto ainda para lhe ensinar.




Aqueles caracóis loiros,... ou teria sido o verde dos seus olhos, que a fizeram apaixonar-se!?


Não sabia explicar...sabia apenas que era uma coisa muito forte, em nada comparado ao que pensou sentir uma e outra vez e que pensava ter o nome de Amor.


Sabia agora que não era, seriam antes paixonetas ou outra coisa qualquer, mas o Amor só agora lhe batia á porta, de uma forma tão natural que nem deu conta da primeira vez que se viu a sonhar com um beijo que lhe seria dado por aquela boca, uma boca de lábios finos mas bem desenhados por um sorriso que a prendia em sonhos nunca antes por si sonhados.


Também ele, o tão desejado beijo, surgiu assim tão natural, foi num momento de encantamento em que os olhares trocados se tocaram mais fundo e os levaram por um caminho de estrelas cintilantes, onde estavam apenas e só eles dois, esquecendo tudo e todos em volta.


Lembra agora que nunca sentiu nada,mas nada assim tão magico,... á coisas que ficam na memoria, detalhes guardados, que nunca serão esquecidos. O tempo passado entre eles não podia ser revelado, teria de ser segredo,porque apesar do seu corpo de mulher ela era ainda uma menina, com vontade de crescer para poder viver o seu Amor sem ter de se esconder do mundo, tudo o que mais queria era poder gritar o Amor que sentiam aos quatro ventos, partilhar a sua alegria...


Em segredo foi passada aquela tarde, aquele almoço a dois...um passeio de elétrico que os levou a ver o Mar. Estava cinzento escuro pelo reflexo do céu, mas não tinha importância para eles porque só pra eles o brilho no olhar de cada um chegava para iluminar o dia.


Ele brincou com os números do bilhete do elétrico, somou, tirou a prova dos nove e o resultado foi o nº4, correspondia á letra D.


D de Desejo, dizia ele...ela sorriu ao responder quando ele perguntou se sentia o mesmo. Mas é claro que sim...ela tinha aquele desejo imenso de crescer, para poder viver este Amor sem segredos, tinha também o desejo de passear mais vezes com ele de mão dada, o desejo de o ver a toda a hora e tantos outros desejos que se tem quando se é ainda uma menina.


Foram esses desejos que partilhou com ele, ele sorriu...e nada disse, agora ela percebe que tinham desejos diferentes, que além destes que partilhava com ela, ele tinha outros...desejos de um homem, (sim porque ele era um homem e não um menino,) por uma mulher que ele tinha ao seu lado, era assim que ele a via, a mulher que amava mas que ainda tinha os desejos de uma menina. Foi com um beijo doce que se despediram mais uma vez e com a promessa de voltarem a repetir...


Dos desejos que cada um sentia não voltaram a falar, ele soube respeitar o tempo que lhe faltava para crescer, para que fosse ela a dar conta que novos desejos se desenham no olhar de cada um.


Pena que esse mesmo tempo se encarregou de os separar, tudo tem o seu tempo, a sua hora.


É com ternura que de vez em quando ela desata o laço rosa com que fez questão de juntar estas lembranças do seu tempo de menina, e as liberta num sorriso estampado no seu rosto...




Compreende agora o silêncio dele no momento em que falavam dos seus desejos, pois cresceu, ficou mulher, uma mulher com novos desejos desenhados no olhar...








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3 comentários:

Borboleta disse...

Tens novo selo no meu blog.

Apanhei-lhe o gosto, e agora não me farto de distribuir miminhos ;o)

Beijos

Vida de Praia disse...

Que lindo poema de amor!

BlueVelvet disse...

Que linda história.
Acho que todos temos uma parecida, assim embrulhada com um laço rosa.
Alguém certo na hora errada.
Estou à tua espera lá no Bluevelvet.
Ah, mas leva uma carrinha porque num cesto não cabem todas as surpresas.
Beijikas